quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Eu não gosto do rebuild de Evangelion porque...

É possível perder o estado de arte ou porque eu não gosto do Rebuild de Evangelion!



Uma das minhas irmãs não assistiu aos filmes novos de Evangelion e me perguntou porque eu não estava feliz com ele; Eu e a minha outra irmã começamos a listar motivos e decidi que eles deveriam ser postados aqui; O post não vai conter nenhum spoiler importante que qualquer um que não tenha assistido já não saiba (como a existência da Mari), então eu gostaria que todos lessem, principalmente os que já viram/ouviram falar/cheiraram Evangelion.

(Se você não sabia da chegada de uma nova personagem você acabou de tomar o único spoiler que eu vou dar então pode continuar lendo).




(Teorias de lado, vou falar sobre como eu assisto a série. Sugestões de novos pontos de vista são bem vindas)
O projeto da instrumentabilidade humana vem de um desejo antigo de atingirmos a perfeição, essa só poderia ser atingida abrindo mão de nossas características mortais e humanas ( como corpo, fraquezas, desejos e falhas de moral)  e nos tornando uma consciência única, um novo Deus. Como Evangelion se trata de uma obra de ficção isso é possível nesse universo e chega acontecer mas é revertido. Como seria se as personagens tivessem uma segunda chance? O que de diferente elas fariam em suas vidas tendo atingido o estado de perfeição e regredido? Esse é o Rebuild of Evangelion.

Ver as mesmas personagens sob uma nova ótica e descobrindo uma maturidade e senso de coletividade novos é sim, muito interessante; Ayanami Rei, por exemplo, sempre mostrou uma tímida vontade de participar do grupo de maneira mais natural mas não tem muita noção de como socializar, no Rebuild percebemos uma Rei levemente mais a vontade, um Shinji que se permite tomar a liderança e uma Asuka que está mais aberta aos outros. Todas essas mudanças são muito sutis e bem vindas, gostamos de ver nossas personagens quebrando as próprias barreiras e estamos curiosos para saber em como isso poderá afetar seu futuro, até que começa a se tornar um problema!!
A série original de Evangelion foi exibida em 1995, ou seja quase 20 anos atrás, e uma porção de mudanças ocorreram na indústria do anime durante esse tempo; garotas mais novas se tornaram ainda mais sexualizadas, o “efeito moe” passou a ser parte de toda obra de grande público, novos tropos alcançaram a preferência, os traçados tornaram-se levemente mais caricatos  e a cultura otaku cresceu no mundo todo, parte desse crescimento deu-se com a popularização de Evangelion que ajudou inclusive a popularizar tropos como a Tsundere.
(Um tropo é um padrão de característica de roteiro ou personagem que se muito usado torna-se um clichê)

A série de 1995 foi revolucionária por alcançar popularidade e trazer intensidade emocional a uma história de ficção científica, além de misturar temas como religião e política em um momento em que a produção de animação de massa estava tratando de temas mais simples; 
Acontece que quase 20 anos depois Evangelion volta, mas não revoluciona, pelo contrário, se adapta ao modismo e ao mercado do momento que é ainda mais fútil do que o do passado, uma vez que agora a animação tornou-se um produto de exportação de grande valia no Japão.
A começar pelo traço, coloração e design de personagens que estão mais claros e leves!


As únicas cenas que alcançam real profundidade emocional são as que realmente são um rebuild de cenas da série original, de resto tem-se a impressão de estar assistindo a um spin-off ou fanfic.
Ayanami Rei e Asuka Shikigami tornaram-se mais do mesmo, apenas duas personagens que representam de maneira rasa o tropo a qual pertencem; tornaram-se fantasmas das personagens originais assim como as mil e uma cópias que podemos encontrar em animes diversos. (Quem nunca se deparou com uma Asuka e uma Rei por ai? Principalmente em animes masculinos do gênero harém?) Justifico minha impressão observando que mudaram o sobrenome de uma das personagens!
Como forma de marketing robôs e figurinos ganharam  diversas atualizações que vão gerar nova séries de produtos, bonecos, figures, vestuário, alimentos e derivados que contém a marca Evangelion, o problema é que essa ‘atualização’ extrapola o nível do que pode ser crível quando vemos o novo plug-in suit usado por uma das personagens!!! E beira o ridículo em suas novas adaptações e acessórios que são visivelmente pensados para atrair um certo nicho do público otaku. (estou falando de orelhas de gatinho, roupas transparentes, tapa-olho e vários outros acessórios ‘moe’)
Outra parte crítica dos novos filmes de Evangelion é a ultra sexualização das personagens menores de idade. Isso já acontecia na série mas de maneira diferente. A série original é pontuada para servir aos olhos do  protagonista, um adolescente; Os pontos de vista são pensados de maneira a refletir o olhar de um adolescente e refletem sua descoberta da sexualidade; Os novos filmes, porém, trazem um olhar de fora, do espectador! E refletem a ‘tara’ daquele observador, o que se torna nojento e afasta parte do público como eu.     A mesma coisa acontece nas cenas que pincelam relações homossexuais; Na série original elas são críveis e, como dito anteriormente, refletem o crescimento e a condição emocional do protagonista; agora elas aparecem como pura tara dos espectadores, ou diria das espectadoras nesse caso. Talvez seja necessário enfatizar que eu não abomino a presença de taras em obras de arte, na verdade acho que elas são fonte inesgotável de assunto e são muito bem vindas, quando tratadas da maneira certa, o cinema europeu que o diga.


A sexualização exagerada de personagens adolescentes é também sintomática quando levamos em consideração que Lolita complex é uma tendência forte no Japão e fora dele; nesses filmes o corpo das personagens, foi infantilizado assim como seus trejeitos, e Misato que era o expoente mais sexual na série original, e é maior de idade, está absurdamente anulada, como se seu prazo já tivesse esgotado e aos 29 anos ela não fosse mais interessante para o público alvo. (Asuka, por exemplo, sempre quis manter uma aparência madura e tinha trejeitos expansivos, ombros largos e etc... agora, como visto na imagem abaixo, ela está mais infantilizada).


Por fim, a chegada de uma nova personagem me incomoda; Primeiramente porque uma personagem nova tira tempo de fita das personagens que eu já amava e que gostaria de conhecer melhor sobre esse novo prisma; e depois, porque além de chata, Mari quebra um equilíbrio anterior de forte-fraco, claro-escuro e sintetiza toda a visão comercial que eu já apontei acima. (Ela possui três figurinos diferentes, que com certeza estão aquecendo a produção de bonecos.).
Acredito então que, ainda que a série de filmes não tenha chegado ao fim, o rebuild de Evangelion veio para retirar a qualidade de arte da série e é fruto da ganância dos produtores e detentores dos direitos autorais; Meu coração de fã faz com que eu assista a todos os filmes com atenção, até chegue a gostar de uma cena ou outra de fanservice e perdoe um pouco o diretor porque conheço outros trabalhos de Anno e me nego a dizer que Eva foi um golpe de sorte, a série original é genial!!!

Se tivesse que eleger um favorito ele seria o primeiro filme You are (not) alone que realmente tem sequências muito bonitas e diria que fico feliz com a evolução da Ayanami. Quanto as cenas de fanservice (porque sou fã e não sou imune), gosto da presença do Kaworu e da trilha de karekano.

9 comentários:

  1. Bem Clara, eu concordo em partes contigo, vou enumerar alguns pontos importantes:

    Temos que lembrar que o Rebuild se trata de um filme, eu nao fiz o calculo para ver se a duracao do filme corresponde ao tempo dos episodios que ele representa, mas arrisco a dizer que nao, e portanto eh algo natural que certas cenas vao ser deixadas de lado.

    Porem eu nao acredito que o filme tenha em mente alguem que nunca viu o anime, portanto eu nao vejo prejuizo nisso, eh que nem os filmes de Berserk (que eu estou adorando, recomendo), o anime vai bem mais profundo em detalhes, sendo que o manga vai muito mais ainda.. mas isso nao tira o valor do mesmo.

    Quanto a Mari, eu concordo com voce no quesito qual o objetivo ao adicionar uma personagem como ela na serie, porem eu acredito que ela soh apareceu para substituir o Toji, ja que o mesmo nao acaba pilotando a unidade nova de teste que vira um angel (Asuka que pilota) e ai ela aparece para fazer o papel da Asuka contra o meu Angel favorito rsrs. Eu pessoalmente acredito que o papel dela sera cada vez menor nos proximos filmes, veremos..

    Eu ateh arrisco a dizer que a inclusao da Mari foi influencias externas ao Anno como tambem houve no anime.

    O que eu achei genial e que era meu grande medo antes dos filmes sairem eh o fato de o rebuild ser uma continuacao ao anime e nao um remake, diferentemente do manga que eh um remake e eu acho um lixo, no caso do filme isso ficou interessante pois nao invalida a obre original, possibilitando ao fans decidirem se consideram os filmes como algo relevante a historia ou nao.

    T+ o/

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    1. Então Eduardo... eu acho que realmente os filmes são pensados pra quem já assistiu a série, mas com toda certeza, principalmente no HJapão, tem gente conhecendo EVA por ai!!
      E eu tambpem concordo que com você, tenho certeza de que a Mari é fruto da cabeça dos produtores que precisavam de uma personagem nova, mais sexy e que usasse 3 plugin suits diferentes!! Não acho que ela veio da cabeça do Anno não; mas isso só posso especular hehe

      Quanto a ser uma continuação... eu também curto muito isso, gosto de ver eles " crescidos" mas eu até que curtia o mangá.... só parei de gostar recentemente quando ele fundiu com a história do filme! o_o

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    2. Agora o que eu não gosto de jeito nenhum é essa mudança de ponto de vista!!
      Antes não existia observador, existia o Shinji!!! Agora nós somos nós mesmos e o Shinji é mais um personagem! Isso eu não curti mesmo!

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  2. Neon Genesis Evangelion (1995) não é arte, mas isso não diminui o mérito da obra. Seria saudável você distanciar seu apreço da série de uma análise dessas. Querendo ou não, estamos falando de um mercado de entretenimento. É um argumento generalizante e um tanto raso você condenar os tropos atuais da animação japonesa em um mercado que pode ser facilmente definido como heterogênico. Sempre existiu público para tudo e os mais espertos souberam trabalhar isso. Desculpa, mas é uma argumentação que oscila entre a erudição e o rant otaku de fangirl, que só desqualifica a série e não agrega mais nada.

    Se hoje você pode condenar de forma tão impetuosa a animação japonesa, agradeça em parte a exibição original de Neon Genesis Evangelion.
    O grande feito da série não foi agradar o público otaku, mas conquistar a atenção do público casual. Entre 95 e 96, Evangelion foi o primeiro desenho animado a aparecer em revistas especializadas e periódicos semanais, inclusive a "Studio Voice", uma descoladinha da época. (http://bit.ly/WvowUp). Seus dubladores foram parar em programas de rádio e televisão e consequentemente, dando ponto de partida aos "cultos a seyuu". (http://youtu.be/DQKr0oG5RrM)

    Justamente pelo sucesso comercial da série, estimado em ¥30bi, que os executivos passaram a prestar mais atenção no potencial comercial dos estúdios de animação, com financiamento e horários mais favoráveis nas grades de programação. Vale lembrar que isso permitiu que Evangelion transformasse os animes em um fenômeno cultural muito mais amplo.

    Fora isso, acredito que seja uma conclusão precipitada sobre o Rebuild. O terceiro episódio resgatou um pouco o clima de niilismo e angústia mental da série original, mesmo adicionando elementos novos no roteiro. A própria Mari perde evidência no último filme. Seria interessante esperar a conclusão da série com um pouco mais de paciência.

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  3. Como assim Evangelion 95 não é arte??
    Não é porque é um produto comercial que ele é impossibilitado de adquirir o status de arte; ao meu olhar Eva 95 é sim um pedaço de arte, e por isso mesmo esses filmes do rebuild me deixam triste e desapontada.
    Não acho em momento algum que a arte deva nascer pra ser arte ou algo do tipo, anime e mangá são uma indústria assim como tudo.Eu trabalho com arte sem bem sobre isso;E não invalido tudo que não possui o status de arte!!! Eu pelo contrário, acho que muita coisa deve existir apenas pelo entretenimento. Mas separo as coisas com uma linha.

    Mas digo o que eu falei no começo do texto. "vou falar sobre como eu assisto a série. " Para mim EVA tem sim qualidades de obra de arte!! Tal como a maioria dos meus animes favoritos.
    Eu nunca ignorei o mercado e nem pretendo fazê-lo; Todo artista sofre imposições do mercado, alguns conseguém driblá-las e continuar com a qualidade outros não - afinal todo mundo tem que comer

    Aliás sob o culto ao seyuu e a popularização do anime é exatamente sobre isso que eu falo no texto!! E que como reflexo EVA se tornou um produto de muito valor (muito mais que o investido diga-se de passagem hehe), e nós vemos agora um resultado não positivo que é a perda do stuatus de arte.


    " É um argumento generalizante e um tanto raso você condenar os tropos atuais da animação japonesa em um mercado que pode ser facilmente definido como heterogênico."
    Não compreendo. Em que lugar do texto eu condenei os tropos? Eu disse que eva ajudou a popularizar personagens nos moldes da Asuka e da Rei, apenas; E que obviamente não se pode esperar que todas as personagens tenham a mesma carga emocional, digo que Asuka e Rei atuais se equivalem a uma dessas 'cópias', falta humanidade.


    "O grande feito da série não foi agradar o público otaku, mas conquistar a atenção do público casual. Entre 95 e 96, Evangelion foi o primeiro desenho animado a aparecer em revistas especializadas e periódicos semanais, inclusive a "Studio Voice", uma descoladinha da época."

    Mais uma vez acho que você não me entendeu. Em que lugar do texto eu digo que o mérito de Evangelion 95 estava em agradar o público otaku? Muito pelo contrário, eu digo que estou brava porque nos filmes é visível que eles estão pensando no mercado e no público alvo.
    Aliás a própria Gainax lançava otaku no video naquela época, não é? Eva da época era de vanguarda e vinha para quebrar padrões da animação do momento; minha crítica é a falta de inovação nos filmes atuais e a adaptação exatamente ao mercado otaku que eles criticavam.
    E criticavam sim! Criticavam a falta da qualidade nas obras e criticavam a mentalidade Otaku!! (em Otaku no video)
    Um anime atual que faz isso é NHK ni Youkoso de maneira brilhante.



    Quanto ao misto de erudição e otaku não é essa a minha personalidade?


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  4. Rebuild Evangelion está com cheiro de ser um remake disfarçado de Fushigi no umi no Nadia, primeiro grande sucesso do Anno. A Misato virou o capitão Nemo e a Ritsuko a Electra. a wunder é uma clara referência a nautilus. Anno smepre quis fazer um remake do anime, mas jamais conseguiu por questões de direitos autorais, dai ele disfarçadamente faz agora.

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  5. O primeiro filme do rebuild evangelion foi muito bom ,eu achei que os outros adiante seguiriam esse mesmo rumo ,mas a partir do segundo (quu teve umas lutas muito boas apesar de ter um personagem novo do nada e se meteu la no meio o.O ,mas pelo menos não mudou muita coisa no enredo do filme )
    Mas o terceiro filme me foi triste ,dificilmente foi asssitir algo que eu ache tão ruim,a maneira como mudaram quase tudo que podiam é até dificil escolher uma pior parte.

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    1. Então Ricardo... como disse no post a partir do momento em que eu me desprendi das minhas expectativas originais eu comecei a gostar, o filme proporciona muitas cenas memoráveis, infelizmente o Rebuild não será tudo que eu pessoalmente sempre quis, mas é uma continuação bonita

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  6. Sei que tô um pouquinho atrasado (ah vá) mas bora lá!
    já vi o anime (e achei aquele final um fracasso) odiei assim que terminei, passou um tempo e vi alguns amvs e também li análises, bateu aquela saudade e pá, virei fan, to lendo o mangá e comparando diretamente com o anime (o mangá tinha a obrigação de ser melhor que o anime mas é só a versão estática e preta e branca, com algumas alterações que não acrescem em nada "tô no cap 34") gosto dos dois e quando terminar vou atrás dos filmes, enfim essa faladeira toda foi só pra isso:
    SE NÃO TIVER EM NENHUM DOS FILMES AQUELA CENA DO EVA 01 ESTOURANDO A CARA DO EVA 03 (com direito a ver dentes e olhos se espatifando no chão com muito,muito mas muito sangue) eu ficarei desapontado, essa cena ta no top 3 melhores do clássico, sem falar que estás em quase todos os amvs
    Fallow fui!!!

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