quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sobre: Avatar, The last Airbender

Então eu finalmente assisti o programa mais comentado da Nickelodeon, Avatar, A lenda de Aang como prometido 10 meses atrás.


Decidi escrever esse review em três partes, uma para cada temporada porque elas oscilam muito em estilo. A ideia é escrever uma crítica sem spoilers para que qualquer um que ainda não tenha assistido a série possa ler, especialmente fãs de animação japonesa que tem um pé atrás com animação americana.
spoiler free ~


Livro 1: Água

A primeira coisa notável sobre A lenda de Aang é que o estilo é completamente inspirado em animação Japonesa mas ainda assim incrivelmente americano; Eu nunca tive boas experiências com esse tipo de desenho que fica "em cima do muro". Diferentemente da animação japonesa que é cheia de closes no rosto e expressão das personagens ou de cenas detalhe a americana usa mais planos abertos, é como se os americanos (over generalizando), dessem mais importância a storyline enquanto os japoneses aos personagens diante daquilo que está acontecendo.
Outra diferença que é a quantidade de frames desenhados, os americanos desenham muitos frames enquanto os japoneses deixam os movimentos reduzidos ao menos que a cena seja de destaque, notem como as personagens americanas movimentam os lábios perfeitamente como as palavras em Inglês! O problema é que quando decidem colocar efeitos de expressão comuns de anime (gota, personagens que caem no chão, olhos brilhantes etc...) eles não ficam orgânicos, pelo contrário quebram o fluxo de pensamento.
Outra diferença entre os dois estilos de animação, esse um pouco mais sutil é o uso das cores, animações japonesas tendem a usar cores mais saturadas.
A primeira temporada de Avatar tem problemas sérios de estrutura e direção, os personagens são incríveis e o roteiro é muito bem escrito e alinhado mas infelizmente, essas características não ajudam a torná-la emocionante e cativante, o foco é pouco colocado sobre as personagens que parecem adereços que ajudam a contar a estória. Não nos conectamos com nenhuma das personagens de maneira profunda.
A trilha sonora da primeira temporada é confusa e barulhenta. Usam variações do tema de abertura praticamente durante todos os episódios o que tira a força do tema em si, as músicas dessa temporada são fracas mesmo. A maioria delas é feitas com instrumentos de percussão o que é interessante e ajuda a compor aquele universo mas elas nunca se adequam ao momento em que são usadas e não conseguem trazer a profundidade que certos momentos necessitam.
(Enquanto isso, uma outra animação para crianças usa temas cheios de instrumentos de percussão e tem uma trilha incrivelmente emocionante e empolgante que ajuda a construir momentos de ação, tensão e drama. )
Quando a temporada chega ao final,  apesar da história ter caminhado, das personagens terem crescido e de  sequências e sequências de cena de ação épicas, infelizmente eu não podia estar mais apática, há inclusive a morte de uma personagem que, embora tratada como um acontecimento importante não me comoveu em nada, tudo isso em função dos erros de estrutura dos episódios anteriores.
(Note, que a própria cena de morte não possuí closes e planos detalhes, nos deixando distantes da situação e menos sensíveis a ela).
E assim... não muito convencidos ou apegados mas já suficientemente curiosos para saber como será o desfecho daquela história, partimos para o livro 2


Livro 2 : Terra


Ainda nos primeiros episódios do livro 2 os diretores parecem estar se acertando em relação ao estilo que seguirá a temporada, o segundo episódio da temporada já carrega mudanças drásticas de posicionamento de câmera que dão mais destaque aos personagens e as expressões faciais. Já nesse episódio temos uma sequência romântica que funciona muito bem e emociona, essa cena inclusive dá o tom de como será tratado o amadurecimento das personagens nos próximos episódios e temporada, de maneira mais plácida e calma sem a excitação e pressa que se observava na primeira.
As relações entre as personagens vão se fortalecendo, inclusive a entre os animais e os humanos, criando laços que comovem o espectador.
A persona de Sokka começa a ser melhor delineada e o garoto deixa de ser apenas o palhaço da turma para se transformar em um estrategista cativante enquanto Aang e Katara não sofrem transformações drásticas mas vão amadurecendo de maneira natural e se tornando mais reais dentro daquele ambiente.
Príncipe Zuko, o vilão que começou a ser mais aprofundado no final da primeira temporada rouba a cena durante o livro 2, e é uma surpresa muito bem vinda já que eles conseguem contar seu amadurecimento de maneira delicada e crível, e observe que desenhos americanos para crianças costumam ser maniqueístas então a atenção carinhosa que é dispensada a o príncipe e a sua relação familiar é uma surpresa maravilhosa!
Somos apresentados ao seu contexto familiar e começamos a notar semelhanças entre ele e o próprio protagonista, a relação entre o príncipe e o tio é de longe a mais bonita e explorada da série. (Até mais explorada do que o amor forte que sentem os irmãos Sokka e Katara).
Novas personagens chegam e todas ganham um olhar especial e personalidade cativante, destaco a princesa Azula que surge como uma psicopata louca cuja maldade faz parte de sua natureza e portanto não deve ser justificada, e para a nova integrante do grupo de heróis Toph a dobradora de terra, que consegue em tempo record se tornar amada por todos os espectadores com seu sarcasmo acentuado e sua falta de maneirismos para agradar os outros, Toph dá um sabor mais ácido ao time Avatar.
A trama ganha contornos mais sombrios e densos enquanto nossa noção do universo Avatar se expande quando chegamos a cidade de Ba Sing se no reino da Terra.
Durante essa temporada podemos observar o crescimento das personagens e o entrelaçamento das tramas coadjuvantes.
A trilha sonora durante essa temporada está bem melhor incorporada ao emocional das personagens e não destoa como anteriormente.
A mudança na maneira de conduzir a história e a escolha em aproximar o espectador das personagens foi com certeza o que me manteve assistindo Avatar. O season finale traz um plot twist realmente inesperado.

Livro 3: Fogo


A terceira e última temporada de Last AirBender se passa em território inimigo e destrói qualquer resquício de pensamento maniqueísta que pudesse habitar os pensamentos do espectador, o que continua incrível para um show americano, para crianças da Nickelodeon!
A temporada não possuí muitas cenas de batalha, pelo contrário, calmamente constrói o ambiente de apreensão pela guerra e fortalece os laços entre as personagens ainda mais.
Os diretores investem mais em cenas de caráter emocional ou subjetivo e menos na pressa de adicionar elementos ao enredo. Todos os protagonistas são desenvolvidos brilhantemente durante a temporada inclusive os antagonistas e coadjuvantes, e alguns momentos delicados são apresentados ainda que não sirvam ao enredo, mas apenas ao fortalecimento e delineamento do caráter e personalidade daqueles heróis.
(Como exemplo a relação de Katara com o pai).
O humor deixa de ser exclusividade das piadas de Sokka e trona-se focado nas relações interpessoais, o que é muito mais interessante e funcional!
Aang, o Avatar, apresenta conflitos muito interessantes e profundos quanto a sua responsabilidade ao longo da série e seu modo de lidar com as pessoas e com sigo mesmo vai progredindo de modo que quando o momento final chega e temos as sequências grandiosas de luta ele não parece um simples heroi corajoso e poderoso que almeja derrotar o mal, mas um garoto forte e sereno capaz de transmitir o peso de ser um heroi.
A trilha sonora ganha destaque e ajuda a trazer emoções fortes para as cenas onde inserida, quando finalmente ouvimos uma variação do tema de abertura são em momentos grandiosos.
Quando nos aproximamos do final da temporada estamos tão apegados àquele universo e àquelas pessoas que sentimos dificuldade em dizer adeus.
É o final perfeito para encerrar a saga, não tentando fazê-la ser mais do que é apenas seguindo seu curso e deixando todos com um sabor levemente amargo por não poder mais partilhar do encanto e doçura daquela história.







Comentários em Off.


É incrível ver o avanço dessa produção e a mudança de estilo que se obteve.
Avatar , A lenda de Aang foi responsável pela criação de um novo nicho de mercado nos Estados Unidos, e esperamos muito que esse nicho continue ganhando produtos nacionais de qualidade e mantenha-se explorado.
Por décadas a animação foi vista como um subproduto ou como uma arte inferior por ser destinada a crianças e finalmente esse jogo está virando! Espero que outros fãs de anime, como eu, consigam passar da primeira arrastada temporada para poderem vivenciar o crescimento maravilhoso da série e das personagens, espero que muitos ainda possam se apegar a esse universo :)
Estou com saudades dos personagens... dizer adeus carrega tantos feelings :( Tenho uma super quedinha pelo príncipe Zuko e tenho lotado meu tumblr com imagens de shippers hehe
Falando nisso, essa série coloca muito fanservice de qualidade, isso é sem forçar a barra! Achei ótimo, todo mundo fica feliz e a qualidade não é prejudicada.
Eu estou acompanhando a Lenda de Korra e talvez escreva sobre a série!
Sinceramente recomendo a todos

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. quando vc fala de ter criado um novo nicho vc esta falando em que aspecto

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  3. Comecei a assistir com tom de desconfiança já que à primeira vista é destinada para o público infantil, mas com o decorrer da saga fui me apegando de tal forma que hoje me considero um fã de avatar. Creio ser a série que melhor desenvolveu os personagens em todas que já assisti.

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