terça-feira, 9 de outubro de 2012

Sobre: Bonequinha de Luxo - filme

Sim, sou dessas... pertenço ao clube de fãs incontestáveis da Audrey Hepburn, como atriz, como pessoa, como símbolo, ou simplesmente por ser o rosto que  interpretou alguns de meus personagens favoritos.

Decidi hoje, comentar Bonequinha de luxo, possivelmente o primeiro filme que venha a mente quando citamos o nome da atriz, acompanhado de Sabrina e Minha Bela Dama.


Ano: 1961
Direção: Blake Edwards
Inspirado no romance de Truman Capote.

Amanhece Nova Iorque, as ruas normalmente movimentadas, estão silenciosas, aparece um taxi e salta de lá uma garota incrivelmente bem vestida, tal como alguém que está indo (ou voltando) de um baile de gala. A garota traz consigo, porém, um saco de papel marrom, comum... e de lá tira um pão e um café e, na frente da joalheria mais famosa do mundo, toma seu café da manhã imersa no silêncio incomum de Nova Iorque observando seu rosto refletido na vitrine e cercado de joias.

Inspirado no romance de Truman Capote, famoso por seu estilo não ficcional e por expor a cruel realidade em seus livros; Bonequinha de luxo começa quando de Paul Varjak (Peppard), um escritor de um só sucesso, personalidade passiva e que vive sustentado pela amante, se muda para um pequeno apartamento em Nova Iorque e conhece Holly Golightly (Hepburn), uma garota de programa de luxo cujo único amigo verdadeiro é um gato sem nome e a ambição de sua vida é casar-se com um milionário.
Paul e Holly logo se tornam bons amigos, uma vez que um é capaz de ver a própria solidão refletida no outro e conforme cresce o afeto dos dois, Holly passa a contestar todas as certezas que tinha sobre sua vida e sua ideia de felicidade e relacionamento.

Do nada você tem medo, mas não sabe do que.
Holly é uma personagem de postura sexual libertária, para a década de 60, e apesar de ser uma garota de programa, conserva uma inocência sutil e um charme encantador mesmo quando diz as frases mais fúteis e materialistas possíveis, o faz com um olhar e uma partitura de movimentos que deletam sua candura interna. Ela se comporta como alguém forte e prega o tempo todo sobre a importância de sermos individualistas e pensarmos apenas em nós mesmos, mas é absurdamente apegada a seu irmão mais novo, Fred e mantém um animal de estimação em casa o qual, entretanto, não nomeia por não se achar no direito, e não querer admitir os laços que já possui com ele.

De início houveram dúvidas se Audrey Hepburn seria a atriz adequada para o papel, com todo seu charme, elegância e delicadeza, mas a escolha da atriz se provou mais do que acertada. É exatamente por Holly ser interpretada por Audrey que a personagem conseguiu se mostrar tão profunda.

Holly viveu um passado sem luxo, tedioso e solitário, incapaz de se encontrar naqueles que a amavam, e agora, moradora da metrópole ela vive cercada de pessoas interessantes e de histórias incríveis para contar, mas continua solitária. Não é atoa que este é o primeiro filme que vem a cabeça das pessoas quando falamos em Audrey Hepburn, a atriz simplesmente rouba o filme! Não bastante ter uma personagem de grande densidade psicológica para retratar, ela ainda o faz como ninguém, e torna o filme uma adaptação válida, e auto-suficiente do romance. Algumas cenas são capazes de te levar ao choro sem motivo aparente, tal como a cena da janela, e a despedida do Doc.

Ainda que George Peppard não brilhe tanto quanto Audrey no filme, ele é competente e cria um equilíbrio positivo entre os dois, ele apático, ela ativa e energética, sempre pronta a disparar suas teorias sobre a vida (eles formam, na minha opinião, um dos casais mais bonitos da história do cinema).

A trilha sonora, feita sob medida, a direção de arte e direção geral criam essa atmosfera contrastante, entre corações frágeis e sozinhos cercados pela imensidão de Nova Iorque, a paisagem de concreto e cores cinza, a vulgaridade e hipocrisia das grandes cidades, e nossa bonequinha de luxo coberta de rosa tentando criar uma casca dura para sobreviver a tudo aquilo. Se Paris é a cidade do amor, e o cinema da década de 60 fazia questão de bater nessa tecla com grandes romances e personagens idealizadas, Nova Iorque é aqui, a realidade chamando o espectador, presenciamos um romance urbano, onde pessoas comum sofrem e com alguma sorte se encontram no meio do caos.





Ps: Qual meu anime favorito? Honey and Clover, e é claro que ele tem várias citações a Bonequinha de luxo que me deixam nas nuvens, afinal também trata de uma história onde pessoas solitárias se encontram de algum modo...
Ps2:  Bonequinha de luxo me ensinou que os gatinhos sempre, sempre estarão ao seu lado, e despostos a perdoar todos os seus erros.


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