quarta-feira, 17 de abril de 2013

Sobre Kamikaze Girls - filme








Shimotsuma Monogatari (下妻物語) ou, Kamikaze Girls é um filme surpreendente de narrativa criativa e recortada sobre a amizade de duas garotas de perfis diferentes que se identificam na solidão uma da outra.
Momoko (Kyoko Fukada) é uma garota com uma vida familiar conturbada que se apaixona por Moda Lolita e idealiza o século XVIII e o período Rococó como forma de escapismo, uma vez que a garota vive em Shimotsuma, uma cidade rural onde os poucos habitantes não possuem muitas ambições ou gosto refinado.
A monotonia é quebrada quando Momoko conhece Ichigo (Anna Tsuchiya), garota yankee membro de uma gangue de motoqueiras que protege seu coração frágil com o uso de palavras duras e violência física e ao se reconhecer em Momoko decide se esforçar para desenvolver uma amizade.


A narrativa é apresentada de maneira recortada e repleta de indas e vindas na história que variam de acordo com o modo como as memórias são lembradas pela protagonista, Momoko.
A decoupagem do diretor Tatsuya Nakashima também é feita de maneira pouco convencional para remeter a linguagem de mangá shoujo, e em alguns momentos faz-se uso da animação e ilustrações em traço de mangás clássicos. A transposição da linguagem recortada e direta do mangá para o cinema é bastante comum no Japão, mas ainda choca espectadores não acostumados. (Pessoas que, como eu, são leitores assíduos de mangá tendem a achar essa linguagem natural, mas quando assistem algo perto de alguém que não é fã podem notar o estranhamento causado por essa estética).

A fotografia também faz uso da estética de animes-mangás usando imagens incrivelmente contrastadas e cores opacas na maior parte das cenas e usando focos de luz na protagonista em diversas cenas o que remete ao uso das linhas de expressão e ranhuras presentes nos mangás.

A trilha conta com faixas da cantora Tommy Heavenly6 e ficou nas competentes mãos da compositora Yoko Kanno.

Kamikaze Girls tornou-se cult e idolatrado por fãs de cultura japonesa e moda urbana, em especial, obviamente a Lolita. Primeiramente por ter seu roteiro baseado em um livro homônimo escrito por Novala Takemoto, famoso designer da BABY THE STARS SHINES BRIGHT (marca de todos os figurinos usados por Momoko durante o filme); O filme também é querido por ter personagens femininas fortes e densas Momoko, que busca nas artes refinadas e nos detalhes a fuga para sua realidade vulgar éuma versão menos trágica de Blanche Dubois de Um, bonde chamado desejo ( Tenesse Williams). Enquanto Ichigo é uma garota que mascara a própria fraqueza e sentimentalismo na busca por ser aceita é adorável!

A maneira como o filme é contado é dinâmica mas o caráter episódico o torna um pouco longo e em alguns momentos cansativo; de qualquer modo as cenas de comédia são muito bem aproveitadas e servem de quebra pertinente.
O ato final é surpreendente e inesquecível.

Quem ainda não viu, deve fazê-lo imediatamente! Especialmente indicado para aqueles que se sentem desajustados no ambiente onde vivem.


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