sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A última carta de Maria Antonieta






Este é o texto original, em Francês da carta escrita por Maria Antonieta, Rainha da França, horas antes da sua execução para sua cunhada Madame Elisabeth. 
Notem que além do envelhecimento do papel, algumas partes da carta estão machadas com lágrimas, especialmente a que se refere a seus filhos.







6 de Outubro, 4.30 da manhã.

É para você, minha irmã, que eu vou escrever pela última vez. Eu fui condenada, não a uma morte sem honra, destinada a criminosos, mas  condenada a reencontrar o seu irmão. Inocente como ele, espero poder mostrar a mesma firmeza nos meus últimos momentos. Estou calma, como alguém cuja consciência se reaproxima do nada. Eu me sinto muito triste de deixar minhas pobres crianças; você sabe bem que eu só vivo por eles, e por você, minha boa e querida irmã. Você cujo amor fez sacrificar a tudo que tinha, apenas para estar conosco; Em que terrível posição eu estou te deixando!
Descobri durante meu julgamento que minha filha foi separada de você. Que desventura! Pobrezinha; Eu não me arrisco a escrever para ela; ela não receberia minha carta. Eu nem ao menos estou certa de que essa carta chegará até você. Receba minha benção por eles. Eu espero que um dia eles possam te encontrar novamente e aproveitar ao máximo o carinho que você pode dar. Deixe que ambos aprendam a lição que eu nunca deixei de frisar, a de que os princípios  e o total desempenho de suas funções, são a base da vida; e que o afeto mútuo e confiança um no outro é que irá constituir sua felicidade. Deixe que minha filha sinta que nessa idade ela deve cuidar de seu irmão da maneira como seu amor a inspirar a fazê-lo. E deixe que meu filho dedique a sua irmã todo o cuidado e serviços que  o amor por ela inspirar. Deixe que eles, resumindo, sintam que, não importa em que posição estejam, eles nunca serão verdadeiramente felizes se não por meio da união. Deixe que eles sigam o nosso exemplo.
Nós, que em nossas próprias desventuras, quanto conforto conseguimos por meio do nosso amor! E,  em tempos de alegria, aproveitamos o dobro dividindo-o com nosso amigos; e onde pode alguém encontrar um amigo mais carinhoso e único do que na própria família? Deixe que meu filho nunca esqueça as últimas palavras de seu pai, que eu repito com força; Impeça-o de buscar vingança por nossas mortes.

Eu tenho que te falar sobre algo que me dói muito, eu sei quanta dor essa criança deve ter causado a você. Perdoe-o, irmã querida, pense em sua idade e em quanto é fácil para alguém fazer uma criança dizer o que se quer ouvir, especialmente quando ele não entende o que está dizendo. Isso passará um dia; espero,  que um dia ele possa sentir o valor da sua bondade e afeição por eles. Resta-me agora confiar a você meus últimos pensamentos. Eu devia ter pedido para escrever-lhe durante o começo do meu julgamento, mas, além de não terem deixado nenhum modo de me comunicar, tantos eventos aconteceram que eu realmente não tive tempo.


Morro na religião Católica Apostólica Romana, que foi a de meus pais, que me trouxe a vida e que sempre professei. Não havendo nenhum consolo espiritual para procurar, e nem ao menos sabendo se existem nesse lugar padres dessa religião (realmente o lugar onde estou os exporia a perigo demais), eu sinceramente imploro o perdão de Deus por todos os pecados que eu possa ter cometido durante a minha vida. Confio que, em Sua bondade, Ele irá aceitar minhas últimas preces com misericórdia, tal como aquelas que eu tenho endereçado a Ele faz tempo, e que irá receber minha alma dentro de Sua piedade. 

Peço perdão a todos que conheci, e especialmente a você, irmãzinha, por todo tipo de aborrecimento, que sem ter esta intenção, eu possa ter causado. E perdoo todos os meus inimigos pelos maus que me causaram. Digo adeus a todos os meus tios, irmãos e irmãs. Tive amigos. A ideia de se para sempre separada deles e de suas vidas me causa uma terrível tristeza que sofrerei durante a morte. Deixe que no mínimo eles saibam que em meu último momento  pensei neles.

Adeus, minha boa e querida irmã. Que essa carta chegue a você. Pense sempre em mim; Eu te abraço de todo o meu coração, assim como faço com minhas queridas crianças. Meu Deus, como me dói ter que deixá-los para sempre! Adeus! Adeus! Eu preciso agora me ocupar com meus deveres espirituais, já que estou livre de minhas ações. Talvez eles me tragam um padre; mas eu digo que não falarei com ele, o tratarei como um desconhecido.



 Traduzido por Clara de uma tradução Francês - Inglês por Charles Duke Yonge 


"A doçura de Maria Antonieta é capturada nas linhas onde ela expressa sua  fé pela igreja e sua preocupação com os amigos e família. Note a maneira delicada como ela se refere a acusação de incesto arrancada de seu filho por seus carrascos, mostrando mais preocupação com os sentimentos de Elisabeth do que com sua própria dor.  (...) Robespierre manteve essa carta para si, ela nunca chegou as mãos de Elisabeth" (esse parágrafo, as fotos e o texto eu peguei daqui)


5 comentários:

  1. Parabéns por essa postagem, muito triste esse adeus. Obrigado, foi muito importante,assim como toda a revolução...

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  2. Parabéns por essa postagem, muito triste esse adeus. Obrigado, foi muito importante,assim como toda a revolução...

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  3. A carta não chegou a irmã? Como assim?

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  4. Gostei muito ! Adoro esssas historias assim q final mais triste 😣

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  5. tadinhos,e principalmente as crianças ficaram sem os pais e presos...o garotinho ainda era tão pequeninho,será que alguém cuidava dele antes dele morrer?

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