sábado, 27 de julho de 2013

Sobre Evangelion 3.33 You can (not) redo

Finalmente eu assisti esse filme.
Evangelion 3.33 You can (not) Redo.

Direção: Hideaki Anno, Kazuya Tsurumaki, Masayuki e Mahiro Maeda

Ano: 2013

Estúdio: Gainax


Se você não o assistiu ainda por favor não leia esse texto!
Esse texto parte do princípio de que você conhece minha opinião sobre o Rebuild como obra.




Eu já mencionei que não sou exatamente a maior fã do Rebuild de Evangelion que coloca algumas personagens em evidência e tira tempo de fita de outras que eu considero mais interessantes...mas...

Eva 3.33 You can (not) redo finalmente mostra a que veio e se distancia quase que por completo da série original.
Um aspecto que não me lembro de ter abordaddo nos textos anteriores é minha paixão pelo fim da série de tv que mostra o Terceiro impacto acontecendo de maneira interna e apresenta soluções para os dilemas das personagens que podem ser facilmente transporados para nossas vidas aqui no universo 3D; Infelizmente a maioria dos espectadores não ficou satisfeita com o final o que gerou a produção do clássico filme End of Evangelion onde o impacto ocorre de maneira exterior e alguns dos mistérios do universo Evangelion são solucionados.
Character design.
O Rebuild tem percorrido um caminho muito semelhante ao do filme, recheado de cenas grandiosas e batalhas orgânicas que buscam fazer-nos entender finalmente o universo Evangelion com totalidade; Acho que para continuar esse review é necesário que eu coloque minha opinião pessoal em evidência mais uma vez, minha paixão pela série Evangelion não veio primeiramente em função de seu caráter épico ou dos limites entre homem e Deus que buscam ser delineados, mas da profundidade das personagens e do modo como elas são incrívelmente humanas, gosto muito de ver as escolhas do diretor que  nunca revela suas personagens por inteiro, pelo contrário, nos obriga a assistir a série com atenção para apenas no final poder pintar um quadro total de quem são aquelas pessoas,  e de ver como é colocada a solidão humana perante quadros diversos em um universo apocalíptico. Dito isso, fica entendido que a série original ainda tem minha preferência em comparação com o rebuild e com o filme, que vão por um caminho menos intimista.  Mas assistir Evangelion 3.33 como alguém que busca reaviver o que já tinha vivido anteriormente seria besteira  e falta de respeito, os dois primeiros filmes já mostravam que o rebuild não seguiria a mesma linha (embora o primeiro seja bem próximo a minha ideia inicial, que é a de dar uma nova chance as personagens e vê-los crescer.) Então pararei de me lamentar e comentarei a obra de acordo com o que ela nos oferece: Evangelion 3.33 you can (not) redo é ótimo! 
Comecei a assistir o filme bem deprimida com os primeiros minutos de fita, o fanservice desnecessário continua presente e algumas escolhas de caracter design não são justificaveis. (Se Asuka de 14 anos buscava sua independência e não ser jamais confundida com uma criança ou alguém impotente, porque ela agora, 14 anos mais velha usaria um chapéu com temática infantil?). Outra escolha que me deixou bem triste nos primeiros momentos foi a dos enquadramentos; Na série original de Evangelion enquadramentos com enfoque no corpo das meninas eram comuns e partiam sempre do ponto de vista de Shinji, um garoto adolescente  que estava começando a descobrir o próprio corpo, o que davam justificativa para a existência deles e os faziam pertinentes, mas agora dentro desse universo ainda mais apocaliptico e épico, Shinji não tem mais interesse no corpo das garotas que o cercam e nem tempo para desenvolver sua sexualidade o que força os produtores a colocarem esse tipo de take de maneira inorgânica e apenas para agradar aos fãs, como comentei no texto anterior. 
Para visualização:

é, isso parece natural...


Fanservice justificado dentro da própria obra.

Lá estava eu, bem triste imaginando que só conseguiria ver o bom trabalho de Hideaki Anno deixando EVA de lado e passando a analizar seus outros trabalhos, quando a estória resolve engatar e tira o chão do protagonista e do espectador, que busca conforto em Ayanami Rei, uma figura que já não existe como a conhecíamos. A partir daí o filme pinta cenas lindas de destruição e solidão para que em seu tempo limitado possamos compreender o desespero de Shinji.
Shinji é aprisionado em um quarto pequeno e pouco confortável, no entanto comparado ao estado do mundo lá fora seu quarto parece ser o único lugar seguro , não á toa ele é colorido de Branco e vermelho, as cores de dois personagens que sempre trazem segurança e conforto a Shinji, Ayanami Rei e Kaworu Nagisa; Sua rotina fria e impessoal o faz questionar diversas vezes o rumo de sua vida e a importância dela, e agora, na falta de uma Ayanami  para se confortar  Shinji se sente ainda mais solitário do que antes,  seu único meio de escapismo é a música.

A música aqui é usada como linguagem maior e mais potente do que qualquer outra, é através dela que Kaworu e Shinji se conectam e podem transmitir puramente seus sentimentos livres de qualquer julgamento ou preocupação, é também através dela que eles sabem que são almas gêmeas ainda que não se conheçam nessa vida. (Notem como o Shinji do rebuild é mais vívido e corajoso do que o da série)

Poucos minutos de uma sequencia linda que me levou as lágrimas são suficientes para colocar essas duas almas em perfeita harmonia, longe de seus destinos terríveis e longe dos papéis que deveriam assumir. Diferentemente do primeiro contato dos dois, que acontece na série original, não existe nenhum desconforto ligado a tensão sexual, aqui Kaworu e Shinji conseguem atingir a verdadeira união usando a música, mas o efeito e essa comunicação não acontece sem o piano, logo, quando conversam normalmente a distância entre os dois ainda existe.

Existem uma porção de sequencias lindíssimas durante o filme mas é notável como o enfoque aqui foi o contraste entre segurança e insegurança que inundam o coração de Shinji, sendo a segurança sua relação com o Kaworu, o único que lhe mostra o que é ser amado.  Antes, Shinji encontrava segurança também na sua relação com Yui, em seu cheiro e nas poucas memórias que tinha, dessa vez sem Yui ou Ayanami seu coração é completamente dominado por Kaworu. 
Distancia.
A relação de Shinji com o pai também foi alterada, ao invés de buscar pela aprovação do pai a todo momento, o garoto buscou a sua própria aprovação e aceitou o amor daqueles que lhe ofereceram; De fato, apesar de carregar consigo o walkman do pai, Shinji não buscou apoio nele em nenhum momento, e até trocou o significado atribuído ao objeto, agora ele é o único objeto remanescente de um universo conhecido e de uma realidade que, ainda ruim, era melhor que a atual e não uma forma de estar ligado ao pai.
Esse filme também serviu para que os fãs das teorias pudessem confirmar algumas de suas certezas e descobrir mais sobre o universo Evangelion, aqui a SEELE é apresentada de uma maneira inédita e informações novas são dadas sobre seu objetivo final e sobre a identidade real dos anjos, o momento é ideal para adentrar em fóruns e comunidades sobre o assunto para ler teorias.
Apesar de ter deixado alguns de meus personagens favoritos negligenciados Evangelion 3.33 se mostrou um filme lindo e incrívelmente superior ao 2.22 que se perdeu no próprio fanservice. Aguardo com entusiasmo o próximo filme  e espero que mais sequencias subjetivas estejam presentes.

Enfim, esse filme mereceu Selo dedão de aprovação do papi:
http://thailog.deviantart.com/art/Kronk-s-Dad-26958272


(Quero mais Misato e mais Ayanami Rei no próximo filme! Também quero ver quem é essa Asuka adulta, que até agora não se mostrou de verdade)
Fiquem agora com um gif de outra de minhas cenas favoritas e vamos continuar assistindo juntos ;)



4 comentários:

  1. "não á toa ele é colorido de Branco e vermelho, as cores de dois personagens que sempre trazem segurança e conforto a Shinji, Ayanami Rei e Kaworu Nagisa;"

    Aqui não seria Rei (branco) e Asuka (vermelho)? Não vejo nem a Rei nem a Asuka dando conforto e segurança pra ele, acho que quem desempenha esse papel melhor é a Misato e por um pequeno período de tempo o Kaworo.

    "Antes, Shinji encontrava segurança também na sua relação com Yui, em seu cheiro e nas poucas memórias que tinha, dessa vez sem Yui ou Ayanami seu coração é completamente dominado por Kaworu"


    Eu posso estar apenas esquecendo algo do anime por fazer tanto tempo que assisti, mas não me recordo de nenhum momento o Shinji ter uma relação com a Yui, seria a relação deve com a Unidade 01? estou confuso o.O

    De resto concordo com praticamente tudo e estou na expectativa pro próximo filme, tomara que seja ainda melhor que esse e que dê ainda mais foco aos personagens.

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    1. Então, se o quarto fosse todo de cores quentes ele me remeteria a Asuka também, mas o vermelho com o branco em especial me lembram muito a cor de pele-olho da Rei e do Kaworu.
      A relação o Shinji com a Yui é a dele coma unidade 01 e com as várias vezes que ele pensa na mãe quando está numa situação de vida ou morte sabe? É como se ele buscasse sempre a mãe para salvá-lo. Ele tem, ao que parece uma única memória da mãe e essa memória sempre aparece nos momentos de desespero

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  2. O filme Evangelion 3.33 assume a feição do anime Fushigi no Umi no Nadia dirigido por Anno em 1990, anterior a Evangelion. Se na série Fushigi no Umi no Nadia forneceu vários elementos para a história (inserir elementos religiosos, arqueológicos e ficção cientifica), agora em Rebuild 3.33 existe quase um crossover. Em vez de Nautilus, vemos a Wunder, Misato se torna capitão Nemo e a Ritsuko se torna Electra (até na aparência).
    O personagem Shinji foi baseado em Nádia (tanto na aparência, quando psicologicamente, tirando que ele não é vegetariano, isso ficou para a Rei). Só que em Evangelion ele fica perdido porque não tem ninguém que o entenda, que ofereça apoio psicológico como Jean oferecia a Nádia, que a fez superar seus traumas, se tornar mais auto-confiante e se rebelar contra seu destino que seria de destruir a humanidade, porque Jean ficou sempre ao seu lado, fiel. Shinji se encontra perdido, sem apoio nenhum e sem ninguém que lhe dê apoio, ele se encontra se um mundo hostil, da qual ele sabe pouco porque ficou dormindo por 14 anos.
    Kaworu foi quem mais se aproximou de Jean, ele buscou entender Shinji, o apoiar e não o massacrar para ele se sentir pior. Mas ele se foi e Shinji se encontra novamente só e sem apoio nenhum, portanto perdido.
    Sadamoto com Anno disseram que a relação Shinji e Asuka seria semelhante de Nádia e Jean, mas Jean estava ao lado de Nádia o tempo todo, sempre a apoiando, sem querer pisar nela, o oposto de Asuka e Shinji, quando Asuka só sabe pisar em Shinji, o que faz com que ele se feche mais em si, enquanto Nádia se abria.
    O anime parece ir em direção de Fushigi no Umi no Nadia, Gendo parece fazer o papel do vilão Gárgula. Veremos se Shinji receberá apoio de alguém, quem sabe Asuka (quem sabe a volta se torne algo como na série Nádia, a estadia na ilha Lincoln e Asuka se entenda com ele) e ai ele se negue a cumprir seu destino que é o de protagonizar a instrumentalidade.

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    1. Simplesmente adorei o paralelo entre as duas obras! Eu adoro Nádia acho a obra muito completa, significativa e única. Amei!

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